Medidas  para melhorar  a execução de processos de contas a pagar e receber

 

Ineficiências nas  operações da tesouraria  

 

Falhas frequentes na operação da tesouraria

 

Medidas  para melhorar  a execução de processos de contas a pagar e receber

 

Os processos de contas a pagar e receber   formam o núcleo da tesouraria das organizações. Independentemente de seu  porte ou  setor de atuação, todas as organizações têm  processos de contas a pagar e receber que tendem, por diversos motivos, a funcionar de forma insatisfatória.

 

 As medidas seguintes se destinam a melhorar a execução dos  processos de contas a pagar e receber, sob os aspectos de confiabilidade, velocidade de execução e custo operacional.

 

 1. Restringir  ao máximo a utilização de procedimentos excepcionais.

 

 Todo procedimento excepcional  gera perda de eficiência pois requer um tratamento especial, gerando um custo adicional.

 

 2. Buscar a padronização de procedimentos.

 

 A padronização de procedimentos elimina situações atípicas que são grandes consumidoras  de recursos operacionais.  Quanto mais uniformes  forem os procedimentos de contas a pagar e receber melhor será o funcionamento dessas áreas. Essa recomendação é decorrente daquela contida no item anterior.

 

 3. Reduzir erros para evitar o retrabalho.

 

 Todo erro implica em algum tipo de retrabalho com impactos sobre o tempo de execução e custo final. Assim, reduzir erros, ainda que à primeira vista possa implicar em  perda de velocidade na execução, acaba tendo um resultado final melhor.  

 

 4. Fazer um inventário estatístico dos erros de operação e suas causas.

 

 É importante  conhecer  os principais erros operacionais de contas a pagar e receber na organização, além de buscar a identificação de suas causas. Com essas medidas, é possível encontrar as soluções mais indicadas.

 

5. Buscar continuamente a simplificação  em todos os  processos de pagamento e recebimento. 

 Simplificação das atividades de pagamento e recebimento devem  ser buscadas  continuamente por todos aqueles envolvidos no processo de contas a pagar e receber. Essa medida vai muito além da informatização e  contém um imenso potencial para aumento da velocidade operacional e de redução de custos.

 

 6. Limitar  as datas para realização de pagamentos a fornecedores.

 

 Esse procedimento dá mais racionalidade ao processo de contas a pagar e contribui  para melhorar as  previsões para o fluxo de caixa.

 

 7. Restringir a realização de pagamentos urgentes.

 

 É muito recomendável a limitação de pagamentos urgentes, prática nefasta, mas bastante disseminada nas organizações. Progressivamente, eles podem ir sendo reduzidos sem maiores consequências para o funcionamento da organização.

 8. Usar a conciliação bancária eletrônica juntamente com  processos recebimento bem organizados.

 A conciliação bancária eletrônica, realizada pelo sistema ERP será muito agilizada quando a quantidade de lançamentos de origem desconhecida (depósitos de terceiros,  principalmente) nas contas correntes for reduzida. Para isso, é necessária a adoção de procedimentos bem planejados de recebimento.

 

Ineficiências nas  operações da tesouraria              

   

 As principais   ineficiências nas  operações da tesouraria são comentadas  a seguir. Muitas vezes elas ocorrem  em conjunto, o que torna mais forte seu  efeito negativo.

 

 1. Incapacidade de prever o fluxo de caixa

 

 Esta é a mais frequente  das ineficiências da Tesouraria. Tem consequências operacionais porque afeta a qualidade do trabalho na área financeira e também consequências financeiras, pois obriga a empresa a trabalhar com maior estoque  de aplicações financeiras de curtíssimo prazo que tem uma rentabilidade muito baixa ou maior estoque de crédito de curto prazo de custo elevado. O efeito negativo da incapacidade de prever o fluxo de caixa sobre a  otimização financeira tem o mesmo efeito negativo sobre o resultado financeiro que incapacidade de previsão da demanda por  estoques, induzindo à manutenção de estoques elevados,  tem sobre o custo operacional.

 2. Inadequada tomada de decisões sobre administração de caixa

 

 A gestão clássica de administração de caixa visa ter disponibilidade financeira imediata para atender a qualquer demanda que venha a surgir, ainda que o fluxo de caixa não tenha a dificuldade de previsão mencionada no tópico anterior. Entretanto, essa  postura gera aumento de custo financeiro ou perda de receita financeira. Outra ineficiência na administração de caixa é não explorar o potencial de ganho mútuo nas operações de antecipação de pagamentos   junto a fornecedores ou retardamento de recebimento de clientes. A grande diferença entre as taxas de captação e aplicação no mercado financeiro brasileiro gera oportunidades de ganhos significativos para a

organização com boa situação financeira.

 

 3.  Pouca agilidade no  processamento de transações

 

 Esta ineficiência pode ser causada por estruturação inadequada    dos processos de pagamento, recebimento e outros,  falhas na  informatização ou ainda uma combinação dos dois. Suas consequências são a elevação  do  custo operacional das atividades da tesouraria,  além de efeitos negativos sobre a imagem da organização. Essas desvantagens não são compensadas por eventuais ganhos no aumento da confiabilidade operacional. 

 

4. Processo de pagamento e recebimento  ineficientes.

 

Tentativas erradas de melhorar a agilidade no processamento de transações podem conduzir a processos de pagamento e recebimento ineficientes. São caracterizados por erros e retrabalho e perda de confiabilidade operacional.   Também mudanças frequentes de rotinas operacionais sem o necessário treinamento do pessoal envolvido podem causar a  ineficiência dos processos de pagamento e recebimento. 

 5. Rentabilidade insatisfatória dos investimentos de curto prazo.

 

 Embora as aplicações financeiras de curto prazo sejam normalmente  de baixa rentabilidade, esta pode ser melhorada, principalmente com a diminuição de sua liquidez. Durante anos, o sistema financeiro brasileiro não operou segundo o conceito de  “yield to maturity” onde o investidor requer um retorno maior para aplicar seu dinheiro por prazo mais longo. Com a mudança desse quadro, causado principalmente pela internacionalização das práticas financeiras no país, muitas organizações permaneceram no padrão antigo, não dando muita importância à questão dos prazos das aplicações financeiras e com isso continuaram  com a rentabilidade insatisfatória,  já sem justificativa.

 

Falhas frequentes na operação da tesouraria

 

 Na maioria das organizações uma série falhas ocorrem  frequentemente  na  operação da tesouraria. Elas provocam estrangulamentos operacionais com reflexos negativos sobre a eficiência da tesouraria, principalmente a redução de produtividade. 

 

 As  principais dessas  falhas são comentadas a seguir.

 

 Controle inadequado de depósitos de terceiros nas contas da empresa.

 

Falhas no controle de depósitos de terceiros nas contas das empresas geralmente ocorrem quando são concedidas muitas  opções de pagamento aos clientes da empresa e a comunicação com estes não é satisfatória.    Com o continuado avanço da tecnologia e do processamento bancário, esse problema deverá ser bastante reduzido. Enquanto isso não ocorre, a   solução é  melhorar o fluxo de informações  entre as área comercial e financeira da organização e   explorar todo o potencial de informações dos serviços bancários.

 

Conciliação bancária com muitas pendências.

 

 Excesso de pendências na conciliação bancária é um indicador seguro de que é grande o número de eventos financeiros fora de padrão e que por isso não são capturados pelos sistemas informatizados de apoio à tesouraria.  Podem ter origem em falhas na implantação do sistema de controle financeiro ou em mudanças nos processos de pagamento ou recebimento. Se o problema não tiver sido  causado pelo sistema de controle financeiro, serão necessárias mudanças nos procedimentos financeiros para resolvê-lo.

 

Insatisfatório controle da  inadimplência de clientes.

 

Falhas no controle da inadimplência podem surgir em decorrência de causas variadas sendo as mais comuns a passividade da área de cobrança, inadequação do sistema de controle financeiro. O aprimoramento do fluxo de informações  entre as áreas comercial e financeira da organização é um passo importante para a eliminação ou redução desse tipo de falha.

Recebimento tardio  de documentos de cobrança emitidos por fornecedores.

 

A principal causa desse problema é o fato de  algumas organizações,   além de conviverem  com seu  descontrole interno, também tentam exportá-lo para seus clientes, contando  com a tolerância por parte destes. Outra possível causa para o problema é falta de procedimentos claros de pagamento por parte da organização compradora. A solução para os dois casos é a busca deliberada da correção dos desvios, independente da origem.

 

Pouca padronização dos processos de pagamento

 

Processos de pagamento pouco homogêneos,   gerando   excessiva demora para sua liquidação ocorrem devido a estruturação ineficiente do processo de contas a pagar. Multiplicidade de sistemas informatizados de apoio às operações da tesouraria e mudanças frequentes das rotinas de pagamento são as causas mais frequentes do problema. A solução costuma ser trabalhosa e pode requerer  exaustivo trabalho de mudanças nos processos de pagamento.

Grande número de pagamentos urgentes.

 

Excessivo número de pagamentos urgentes é sinal de que as demandas das áreas pagadoras têm prioridade sobre a boa operação da área financeira. A solução requer negociação e principalmente capacidade de articulação e de convencimento por parte da tesouraria para demonstrar as perdas operacionais e financeiras com os pagamentos urgentes.

 

Fluxo de caixa com alta margem de erro

 

As causas para esse problema são  bastante variadas, mas sempre refletirão a inexistência de adequado nível de cultura de planejamento nos vários setores da organização. A tesouraria isoladamente não conseguirá resolver o problema. Assim, precisará demonstrar  e convencer seus pares sobre a importância da qualidade das informações geradas para o fluxo de caixa.

 

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