Práticas financeiras consagradas
Erros frequentes de planejamento empresarial
Ponto de equilíbrio em valor de vendas
Práticas financeiras consagradas
Algumas práticas financeiras têm aceitação universal pelas empresas de diversos portes e com atuação nos variados setores. As principais dessas práticas são as seguintes:
1. Manter os custos fixos reduzidos de modo a reduzir o risco econômico.
Considerando que os preços de venda dos produtos ou serviços e os custos variáveis de uma empresa como dados, quanto menor for o seu custo fixo, mas baixo será o ponto de equilíbrio - este representa o volume de vendas necessário para igualar a receita ao custo total da empresa - e menor será o volume de vendas exigido para obtenção de lucro.
Na empresa ideal, só haveriam custos variáveis, fazendo com que seu pior resultado fosse o lucro zero, o que aconteceria quando ela nada vendesse.
2. Manter um apropriado grau de endividamento de modo a limitar o risco financeiro.
Quando a empresa usa recursos financeiros de terceiros, presume-se que paga por eles uma taxa de juros menor do que sua taxa de retorno empresarial. Desse modo, quando seu lucro operacional (resultado antes do pagamento dos juros) for normal, a empresa estará fazendo alavancagem financeira e, assim, obtendo sobre o capital próprio uma taxa de retorno maior do que aquela obtida pelo capital total,
Entretanto, quando o lucro operacional for reduzido, a alavancagem financeira funcionará em sentido contrário, fazendo com que a rentabilidade do capital próprio seja menor do que a rentabilidade do capital total.
Portanto, como o lucro operacional está sujeito a oscilações, o endividamento precisa ser controlado para limitar o risco financeiro da empresa.
3. Minimizar os estoques para reduzir os custos financeiros
Estoques reduzidos provocam menor necessidade de financiamento e, consequentemente, menor pagamento de juros. Se os estoques estiverem sendo financiados com capital próprio, sua redução significa liberação de recursos financeiros para outras finalidades.
4. Minimizar a necessidade de capital de giro com a redução do ciclo de caixa
A necessidade de capital de giro é função do ciclo de caixa da empresa. Quando o ciclo de caixa é longo, a necessidade de capital de giro é maior e vice-versa. Assim, a redução do ciclo de caixa - em resumo, significa receber mais cedo e pagar mais tarde - deve ser uma meta da administração financeira. Entretanto, a redução do ciclo de caixa requer a adoção de medidas de natureza operacional, envolvendo o encurtamento dos prazos de estocagem, produção, operação e vendas.
5. Maximizar o giro dos ativos operacionais
Todos os ativos operacionais ( instalações, máquinas, equipamentos etc.) precisam de um volume mínimo de operação para que o investimento efetuado neles se justifique economicamente.
O giro de um ativo é representado pelo volume de receitas ou de redução de custos que ele pode gerar direta ou indiretamente, dividido pelo valor do respectivo investimento. Ao maximizar o giro de seus ativos operacionais, a empresa estará extraindo o maior proveito possível deles e , em conseqüência, obtendo a rentabilidade máxima sobre o investimento em cada ativo.
6. Investir em projetos que tenham uma relação equilibrada entre risco e retorno.
As decisões de investimento extremas são projetos com alta taxa de retorno e grande grau de risco ou baixa taxa de retorno e pequeno grau de risco. Nestas duas situações, se a empresa fizer o investimento no projeto, a taxa de retorno esperada será pequena.
Quando o risco e o retorno dos investimento não estão em patamares extremos, a taxa de retorno esperada para o investimento é maior.
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Erros frequentes de planejamento empresarial
Diversos erros podem ser cometidos na fase de planejamento de um negócio. Desses erros, existem cinco que são mais frequentes. Todos eles podem ser fatais para a continuidade do negócio. São os seguintes:
1. Superdimensionamento das receitas: As estimativas de vendas tendem a ser otimistas quando se elaboram as projeções. A melhor forma de evitar o problema é fazer previsões mais rigorosas, ainda que sejam mais demoradas. Além disso, também pode-se aplicar um redutor sobre as projeções, a título de margem de segurança.
2. Subdimensionamento de custos: As projeções tendem a estimar custos menores do que os efetivos. As mesmas recomendações feitas para diminuir os erros das projeções de receitas são aplicáveis às projeções de custo.
3. Excessiva imobilização de capital: O capital deve ser utilizado na dosagem certa. Não deve ser de menos nem de mais. Quando uma empresa faz uma excessiva imobilização de capital, tem dois preços a pagar. O mais brando é a perda de eficiência do retorno desse capital. O mais grave é comprometer sua capacidade de contornar eventuais imprevistos financeiros.
4. Atraso no início das operações: na fase de planejamento é elaborado um cronograma de instalação da empresa, onde um dado importante é o início da geração de caixa e da qual depende a viabilidade econômica da empresa. Se ocorrem atrasos significativos no cronograma de implantação, a lucratividade ou mesmo a saúde financeira da empresa podem ficar comprometidos.
5. Financiamento mal estruturado: qualquer financiamento deve ser estruturado dentro do conceito de finanças de projeto. Segundo esse conceito, o pagamento do financiamento deve estar atrelado ao cronograma de geração de caixa. Assim, o contrato de financiamento deve ter prazos de carência e de amortização adequados ao fluxo de caixa a ser gerado pela empresa. Essa adequação envolve, inclusive, considerações sobre as incertezas naturais que afetam a geração de caixa. Significa dizer que a carência e o prazo de amortização devem permitir que uma redução de até 15% na geração de caixa projetada não afete a capacidade da empresa em pagar o financiamento.
Ponto de equilíbrio em valor de vendas
Para toda empresa existe um determinado volume de vendas onde ocorre a igualdade entre sua receita total e seu custo total. Este volume de vendas representa o ponto de equilíbrio econômico da empresa.
Sejam,
V = volume de vendas
MC = % de margem de contribuição média da empresa (é igual à receita total menos custo variável total dividido pela receita total).
F = custo fixo
No ponto de equilíbrio (lucro zero), teremos:
V.MC - F = 0
V.MC = F
V = F ÷ MC
Exemplo: Uma empresa varejista tem um custo fixo de R$ 21.000,00/mês. Sua margem de contribuição média (receita total menos custo variável total dividido pela receita total) é de 30%. Seu ponto de equilíbrio em termos de vendas será:
V = 21.000 ÷ 0,3 = 70.000
Verificação:
Custo fixo = 21.000,00
Margem de contribuição: 30% de 70.000 = 21.000,00
Custo Variável Total = Receita Total - Margem de Contribuição
Custo Variável Total = 70.000,00 - 21.000,00 = 49.000,00
Custo total = Custo Fixo + Custo Variável
Custo Total = 21.000,00 + 49.000,00 = 70.000,00
Lucro total = Receita Total - Custo Total
Lucro Total = 70.000,00 - 70.000,00 = 0
Observe que no ponto de equilíbrio a margem de contribuição é igual ao custo fixo já que o lucro é zero.
Para avaliarmos se o ponto de equilíbrio expresso em valor monetário está adequado ele precisa ser comparado com o potencial de vendas da empresa.
Cada setor empresarial tem um ponto de equilíbrio ideal. Este representa um percentual do potencial de vendas da empresa, considerando os recursos existentes.